sábado, 29 de novembro de 2008

De volta!

Depois de dias infernais, em cima do computador (e eu e ele em cima da cama, do sofá, no chão, dormindo um em cima do outro...), depois de noites em claro intercaladas com noites mal dormidas, depois de muito desespero e trabalho duro, estou quaaaaaase de férias. Falta agora só terminar de apresentar a peça na aula de Inglês, segunda-feira.

Me sinto tão bem! Sinto que finalmente vou me organizar. No fim do semestre, a pessoa não tem tempo pra absolutamente nada que esteja desligado da faculdade. Ou seja: minha vida, meu quarto, meu computador, minhas coisas em geral: está tudo uma bagunça sem fim, infernal! Meu cabelo tá um caco, implorando por um corte! Minhas unhas um lixo, quebrando por nada! O stress fez atacarem todas as minhas alergias!

Mas chega de reclamar! Esse vai ser um fim de semana mil vezes mais tranqüilo e vou ter tempo, finalmente, de fazer alguma coisa por mim - inclusive não fazer nada! Vou poder também voltar a escrever no blog, fazer layout novo, finalmente fazer o desafio, e tudo o mais. Agorinha ainda visitei uns blogs. Não sei se senti mais falta de escrever ou de ler! Mas o que importa é que estou de volta! Me aguardem! *

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Os Fatos

Me arrependi incrivelmente de ter vindo aqui dizer que colocaria o desafio no ar no sábado. Como eu pude pensar que seria possível? Vejam bem minha programação para essa semana e me digam se é possível que eu consiga fazer qualquer outra coisa além de trabalhar arduamente nos meus deveres acadêmicos:

Segunda-feira:
- Prova de Sintaxe (Língua Portuguesa); (Já foi!)
- contar a históia da peça The Matchmaker, de Thornton Wilder, na aula de Inglês Avançado I. (Não foi ainda... a aula acabou bem no meio da minha apresentação e vou ter que continuar na próxima segunda!)
Terça-feira:
- Entregar e apresentar um ensaio sobre a Capitu, mostrando a personagem na criação original de Machado de Assis (Dom Casmurro) e na recriação de Fernando Sabino (Amor de Capitu).
Quarta-feira:
- Prova de Inglês Avançado I.
Quinta-feira:
- Entregar e apresentar o Projeto de Ensino em Língua Inglesa.
- Apresentar um pôster sobre aquele trabalho que eu fiquei tão aliviada de apresentar na semana passada na cadeira que eu tenho à noite.
Sexta-feira:
- Entregar uma versão escrita e fazer uma apresentação oral sobre Bioética na cadeira de Ética e Cidadania.

Estou completamente fora da blogosfera e fora do mundo todo essa semana. Minha mãe brigou comigo porque eu não sabia que dois bancos tinham se fundido, que eu não posso ficar alienada assim, mas não é uma questão de escolha, infelizmente.

Ou seja... Não confiem nas minhas promessas quando forem feitas em períodos letivos e, principalmente, em finais de períodos letivos. Ou melhor ainda: não vou prometer mais nada. Quando eu puder, colocarei o desafio no ar, trocarei o layout desse blog, voltarei a postar com uma freqüência mais aceitável e visitarei todo mundo. Quando eu puder... Prometo. *

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Na Corrida

Cheia de trabalhos, provas, preocupações, stresses e incomodações de todo tipo. Todo tipo.
Trabalhando (quando dá!) no blog do desafio (posts mais pra baixo). Espero estar com tudo pronto no sábado!
Encaminhando a realização de várias coisas da lista do post debaixo.
Apesar do cansaço, do desânimo e da preguiça usuais de fim de semestre, estou pensando muito positivo e fazendo planos para o futuro (e um ótimo futuro).
Que mais? Bom, vou visitar vocês e tentar deixar comentários pra todas. Rezem para que eu não durma em cima do computador!

Vi uma balança no supermercado por R$29,90. É analógica e diz que pode ter uma imprecisão aproximada de um quilo. Se eu for me pesar sempre nela tudo bem né, porque o que conta vai ser ver a diferença... não? Procurei ela na internet, mas o super não tem site com produtos e (até por não lembrar a marca) não pude achá-la em outros sites. Mas é bem parecida com essa:



Será que vale a pena comprar? *

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Coisas a fazer

Coisas que quero fazer até o final do ano:
- Emagrecer mais, se possível virar o ano com 75kg ou menos!
- Auto-escola. Quero saber dirigir e ter carteira mesmo sem ter carro por enquanto.
- Entregar meu relatório de conclusão do curso técnico de Sistemas de Informação (um dia conto a história disso...) e finalmente me formar nesse troço!
- Pegar minha bicicleta, que está guardada na garagem da minha tia. Já decidi que quando entrar em férias vou começar a me exercitar, e bicicleta é meu exercício favorito. Não que eu pratique muitos tipos, só fui em academia uma vez, há bastante tempo, e não gostava muito; natação e hidroginástica eu acho que ia gostar, mas não sei se ia ter grana suficiente por agora. As opções mais convenientes no momento são caminhada e bicicleta, tenho um parque a três quadras de casa. Ainda não peguei a bicicleta porque parece que tem um problema na porta da garagem, que se abrir não fecha, minha tia ficou de avisar quando der pra buscar a bike...

Coisas pra fazer nas férias:
- Quero cuidar mais da minha alimentação. Por enquanto só estou diminuindo as quantidades, mas nas férias, com mais tempo, quero planejar melhor o que vou comer. Quero inserir dois lanches no dia, pois por enquanto estou fazendo só três refeições. Vou passar a tomar um yakult como lanche da manhã, provavelmente, ou algo que ajude o intestino a funcionar melhor, porque ele não anda muito bem. À tarde quero colocar uma porção de fruta, não tenho comido nenhuminha, quando muito uma banana. Quero também comprar outras verduras, fazer saladas diferentes. Com tempo, vou pesquisar tudo isso pra adaptar no meu cardápio.
- Como já disse, quero começar a me exercitar.
- Vou me obrigar a sair mais de casa do que costumo quando estou em férias.
- Vou ver mais filmes, ver se leio livros interessantes (sempre me dá preguiça nas férias, porque já leio muitos durante o semestre), se baixo músicas diferentes.
- Vou marcar e ir a todos os médicos a que estou precisando ir: oftalmologista, dermatologista, dentista... Quem sabe uma psicóloga? Pra ver sobre a compulsão? Será que eu consigo?

Coisas que quero comprar:
- Uma balança. Quero ter a minha própria balança pra nunca mais descuidar do peso. Pra poder me pesar sem roupa, de manhã cedo, em jejum, e nunca mais ter dúvidas sobre quanto a roupa que estou usando pesa, se devo descontar, se não devo (ver enquete da Verônica).
- Canetas. Umas canetas hidrográficas, de ponta fina, que eu sempre sonhei em ter quando não podia comprar e nunca comprei depois que passei a poder. É uma mania que eu tenho por canetas, desde a infância e a adolescência. Quero comprar também outras coisas de material escolar. Um dia vou numa livraria sem limite de grana pra gastar, comprar coisas pro próximo semestre mas também pra mim. Não sei quando, mas um dia.
- Roupas. Saí esses dias, comprei cinco blusas. Nem experimentei calças, mas graças a Deus sei que já posso experimentar as 44, estava usando 46 (e tem uma calça desse número que ainda uso). O problema pra mim são as blusas mesmo, porque os lugares onde retenho mais gordura são os seios, a barriga e os braços. Os seios, principalmente. Comprei cinco blusas, sendo que duas eram iguais, só mudando a cor (quando acho uma que fique decente, compro duas, acaba tendo que ser assim!) e outras duas também são muito parecidas entre si, e da mesma cor. A quinta ficou feia nos braços... Fazer o quê? Logo espero ter mais facilidade pra encontrar blusas...

Poderia ficar nessas listas pra sempre, mas agora não vai dar; por enquanto meu tempo ainda está curtíssimo e só posso, no máximo, listar tudo o que gostaria de fazer! *

sábado, 15 de novembro de 2008

Dia um, semana sete

É uma vergonha ter passado todos esses dias afastada do blog. Uma vergonha! Acontece que essa semana foi a mais infernal do semestre até agora, tempo livre simplesmente não existiu. Mas assim, em fatos rápidos:

- Minha alimentação essa semana não foi nada boa. Depois de ter me controlado, como falei no último post, o stress se tornou uma desculpa fácil para me descontrolar em outros dias. Mas não quero falar disso: página virada. Hoje é dia um de novo e essa semana vai ser ótima. Prometo. (Pra mim, mas vocês podem me cobrar também!)
- Estou doida pra fazer um novo layout pro blog e já estou trabalhando num layout pro blog que vou fazer para o desafio. Porque agora que as pessoas se interessaram eu me empolguei; logo vou abrir o blog e as inscrições.
- Consegui finalmente fazer e já apresentei o trabalho para a cadeira de quinta de noite. Ou seja: posso voltar a viver. (Embora as próximas encrencas já estejam dobrando a esquina...)
- A Márcia perguntou se eu estudo na USP; não. Estudo na PUCRS. Como diria (ou melhor, escreveria) uma colega minha, sou gauxa.
- Ontem foi aniversário do meu irmão, ele fez cinco anos. Eu e a minha mãe passamos a manhã inteira na escolinha dele, porque teve festinha. Enchi tanto balão que me senti sem fôlego o resto do dia... (Exagerada.)

Talvez vocês não saibam quem é John Frusciante, mas o fato de ele existir me faz uma pessoa mais feliz. Em janeiro, dia 20 (três dias depois do meu aniversário), ele vai lançar seu disco novo. E agora ele tem um blog. O primeiro post é a coisa mais maluca que alguém já escreveu em um blog (bem a cara dele).

Por enquanto me vou, tenho muitas visitas a fazer. (Não vou nem dizer que também tenho muitos afazeres acadêmicos, porque, nessa época, isso é fato subentendido.)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Inferno semestral

O último mês do semestre em uma universidade é um espetáculo caótico.
A biblioteca enche, e não funciona direito. Os livros somem. São emprestados, quando devolvidos não voltam aos lugares. Os bares esvaziam, ninguém mais tem tempo de jogar conversa fora. Os professores correm em seus cronogramas. Os alunos infreqüentes aparecem como se fosse semestre novo. Os dedicados ficam à beira de ataques de nervos. É comum ver pessoas chorando nos banheiros, gritando pelos corredores, rindo de nervoso, comprando remédios para dor de cabeça na farmácia.
Resumindo, ficam todos endiabrados.

Até o Beck.

Eu, por exemplo.
Ainda se eu conseguisse ficar vinte e quatro horas por dia trabalhando nas coisas que preciso fazer... Mas não. Eu travo. E aí é que mora o perigo. Os prazos ficam me atormentando, me esmagando como aquelas paredes de desenho animado, que vão fechando em volta do protagonista. Felizmente, como nos desenhos, eu geralmente consigo resolver tudo.
Geralmente.

Sobre o shopping, eu fui. Comi bonitinha, comi massa, mas comi pouquinho. Com coca light, me sentindo a coisa mais bonitinha e comportada do mundo. Mas aí as pessoas comendo, comendo, comendo doce... Acabei comendo um sundae de banana caramelada. Eu amo banana, é algo muito sério. Muuuito sério. Se eu tivesse ficado nisso, tudo bem. O problema é que eu tenho um problema. Que me impede de fazer pequenas concessões, de racionalizar. Um problema que diz: enfiou o dedinho na jaca? Não tem perdão. Agora tem que enfiar o pé inteiro.

Daí pra fazer a jaca de sapato a semana inteira é um passo - mas não. Eu decidi que hoje ia me controlar, e seguir firme até o fim da semana. Afinal, se eu perdi o domingo, é só um dia perdido. Não tem por que perder a semana inteira. Foi difícil. À tarde, na faculdade, presenciando todo aquele show de horror de fim de semestre, pensamentos engordativos boiavam na minha cabeça se fazendo de bóias pro meu afogamento acadêmico. Mas consegui me controlar. Consegui.

Leiam o post do desafio, logo abaixo! Estou cada vez mais animada a criá-lo, e espero por mais pessoas interessadas e por sugestões! *

domingo, 9 de novembro de 2008

Desafio: Férias Sob Controle

Ando vendo vários desafios em blogs por aí e acho a idéia ótima, acho que é uma motivação a mais e uma maneira de não se sentir sozinha na luta. O único motivo pelo qual ainda não entrei em nenhum foram as regras, sempre tem alguma que eu não tenho como cumprir (como a atividade física, que por enquanto não tá dando tempo).

Estou pensando então em criar um desafio para as férias, algo bem simples que seja fácil de seguir para a maioria das pessoas. Aí comecei a pensar como podia ser esse meu desafio, e pensei logo num grande desafio, na prática, pra mim: controlar minha alimentação durante as férias. É triste e vergonhoso pra mim dizer isso, mas a verdade é que, se eu não tenho uma rotina que me obrigue a sair de casa todos os dias, minha tendência é ficar em casa, pegando pó.

E aí dá pra imaginar: uma pessoa que não sai de casa não tem motivos pra cuidar do cabelo, nem da pele, nem das unhas, nem de absolutamente nada. Usa só pijama o dia inteiro e o mais longe que vai é ao supermercado. Não tem novidade nenhuma, ninguém diferente pra conversar, pouca ou nenhuma distração. E aí o que acontece? A comida se mostra a mais compreensiva, cômoda e convidativa alternativa. Afinal, é um conforto ter uma "distração" que não exija que você faça nenhuma dessas coisas que acabo de citar, como se cuidar, se arrumar.

Isso é o que costuma acontecer nas minhas férias. E, no verão, eu tenho TRÊS meses de férias. Agora, com essa mudança de perspectiva e com a determinação que estou tendo, me sinto capaz de lutar contra a compulsão, que é sem dúvida o que me faz, direta ou indiretamente, me trancar em casa da maneira que descrevi e abandonar qualquer tentativa de controlar o que como. Em todo o caso, achei que era um ótimo tema para um desafio: se controlar até nas férias, sem rotina. Claro que eu sei que muitas pessoas trabalham nesse período e não têm férias, mas isso não seria um impedimento, a princípio ninguém seria barrado.

O objetivo seria simplesmente se comprometer a seguir a dieta, reeducação alimentar ou programa de controle que você já segue normalmente, durante os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro. No início de março, quem tiver perdido mais peso vence o desafio. Estou pensando em um prêmio; que tal um layout de blog? Podem me dar sugestões! E digo mais; penso em criar uma meta global (do tipo uma certa quantidade de quilos a serem perdidos somando-se o peso eliminado de todas as participantes), que, se for atingida, resultará em algo a ser feito, algo que beneficie alguém, por exemplo. Aceito sugestões!) Isso poderia aumentar o empenho de todo mundo, já que, além de perder peso e vencer o desafio, todo mundo vai querer que a meta global seja cumprida.

Mas e então, alguém aí estaria disposta (ou disposto, quem sabe?) a participar de tal desafio? Quem quiser, põe o dedo aqui, que já vai fechar!

Lembram disso? Tão infância!

sábado, 8 de novembro de 2008

E agora?

Meu pai acaba de me dar uma notícia perturbadora: vamos todos almoçar no shopping amanhã. O que fazer?

a) Dar um jeito de não ir (posso alegar que tenho muitas tarefas acadêmicas e preciso ficar fazendo meus trabalhos e lendo meus livros);
b) Sair agora à cata (ou seja, internet) pra saber que estabelecimentos no dado shopping poderiam me oferecer alguma refeição que não pesasse muito nem no estômago nem na consciência;
c) Almoçar tranqüilamente o que os outros forem comer e tentar lidar com isso o resto da semana;
d) Outros.
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Notei que algumas pessoas que começaram a me ler recentemente não entenderam bem meu "dia oficial da jaca permitida", então resolvi explicar. Meu controle é um esquema semanal que começa no sábado, o dia um. No dia sete, sexta, tenho uma "folga", que é um dia em que eu posso comer coisas que não poderia nos outros dias. É um dia livre, mas não totalmente livre. Não conto as calorias que consumo nesse dia (até por medo de saber quantas). Nos outros seis dias, o limite é de 800kcal.

Eu sofro do transtorno do comer compulsivo, do qual vivo reclamando constantemente, e por isso é muito difícil pra mim manter uma dieta. Claro que é difícil pra todo mundo, mas os "sintomas" são um tanto quanto agravados pelo transtorno. Além das trilhões de tentações com as quais qualquer pessoa que está tentando emagrecer precisa conviver todos os dias, uma pessoa com o transtorno ainda tem que lidar com pensamentos auto-sabotatórios, pensamentos contrários a tudo o que você acredita, mas que podem fazer você cometer as maiores loucuras alimentares. Coisas insanas, do tipo matar aula pra ir no shopping comer alguma coisa (sem estar com a mínima fome). Eu não saberia contar quantas vezes fiz isso na vida.

Por isso, o sétimo dia é importante no meu programa de controle, por enquanto. Eu consigo driblar vontades aterradoras com a desculpa "vou comer isso na sexta-feira, então não preciso comer agora". Às vezes essa vontade é uma barra inteira de chocolate, que eu "pago" na sexta-feira com um bombom. Na maioria das vezes, quando a sexta chega, eu nem lembro mais o que tinha desejado comer. Esse dia também é importante para acalmar aqueles pensamentos de "quando vou poder comer uma pizza de novo na minha vida?". Se eu quiser comer pizza, na sexta eu posso.

A sexta acaba sendo sempre um dia meio confuso, como foi ontem. Na maior parte do tempo eu fico me perguntando se precisava mesmo desse dia (embora nos outros dias eu tenha certeza de que preciso dele). Fico pensando "eu seria totalmente capaz de sobreviver hoje me controlando como nos outros dias". Mas mesmo assim sempre acabo comendo um pouco mais do que acho que deveria, mesmo pra um dia "livre".

Em todo o caso, a sexta-feira continua sendo o dia oficial da jaca permitida e assistida. Ou o que for. E eu continuo querendo saber o que fazer amanhã. E continuo, também, com o fim de semana atolado de afazeres acadêmicos. É a vida... *

Edit: Estava bem nervosa na hora que escrevi o post, preocupada com o lance de almoçar fora amanhã. Acontece que eu tenho problemas em me controlar quando como fora. E acontece também que, só de pensar que no dia seguinte ia ter que lidar com isso, me deu uma ansiedade maluca, que imediatamente acordou aquela vozinha que começou a dizer "aproveita e tira uma folga no fim de semana". Ela rapidamente elaborou uma lista de tudo o que tinha lá na cozinha que eu pudesse querer e começou a cochichar no meu ouvido. E eu discutindo que não, que se for pra enlouquecer, que seja só amanhã, que é o dia "problema", não tinha motivo nenhum pra me descontrolar hoje. Mas tava difícil vencer a discussão. Pra calar a boca de todo mundo, deitei e fui dormir. Azar dos afazeres acadêmicos. (Como se eu fosse conseguir fazer qualquer coisa com aquela guerra dentro da cabeça...)

Graças a Deus acordei com a sensatez falando mais alto. Tomei um banho demorado, jantei um sanduíche e segui com a minha vida. Quanto a amanhã, amanhã eu resolvo. Mas acho que vou no shopping, sim, eu tenho certeza de que me sentiria muito mal ficando em casa, excluída. Além disso, se eu for fazer isso toda vez que tiver algum desafio... O certo é enfrentar. Chegando lá, se eu achar uma refeição light, ótimo. Se não achar, como uma quantidade controlada da refeição calórica que for. Chegando em casa, o controle continua, nada de "folga o resto do dia". Esse é exatamente o tipo de coisa que me levou a falhar das outras vezes. Dessa vez, vou entrar em todas as brigas que tiver que entrar, e pra ganhar. *

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Três momentos

Hoje foi um daqueles dias indefiníveis... Sabe quando as coisas não param de acontecer? Uma boa, uma ruim, uma média, e o seu humor variando junto? Hoje foi assim. Escolhi três momentos do dia para ilustrar.

1) Às três e meia da tarde, logo após o final de uma aula, em uma manifestação da Síndrome Psicótica de Final de Semestre Nervosa, tive uma crise de choro. Era puro desespero, falta de perspectiva, cansaço. Trabalhos demais, prazos curtos, idéias escassando... Soube hoje que todas as minhas idéias para o projeto de inglês não serviam e que preciso inventar outra. E faltam só mais três aulas. Além disso, há dois trabalhos para essa disciplina que faço nas quintas à noite que me atormentam. E hoje é quinta (porque ainda não fui dormir), e sabendo que teria a aula mais tarde, bateu o desespero. Mas foi bom chorar um pouco.

2) A aula seguinte foi a de Filosofia (aquela). Com ela, meu humor melhorou consideravelmente, embora eu também deva dar créditos ao fato de que eu me esforçava para não lembrar nem do projeto nem dos trabalhos. Logo depois da aula, fui me pesar, como já tinha dito que faria. A balança em que me peso fica numa farmácia dentro do campus. O resultado? Quase dois quilos e meio a menos: 77,450.

3) Alguns minutos antes de começar a aula da noite, que não é no meu prédio, sentei em uma sala vazia, ao lado da janela. Como estava no sexto andar, tinha uma ótima visão do pedaço de lá do campus e da rua, logo atrás. Fiquei olhando os carros passarem, lá longe, tudo iluminado por aquele sol de fim de tarde, enquanto um arzinho fresco acariciava o meu rosto. Tudo o que eu tinha dentro da cabeça sumiu e eu fui invadida por um sentimento tão bom que deu vontade de chorar. Me senti na mais completa e emocionante paz.
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Quero agradecer a todo mundo que me parabenizou pelo aniversário de um mês do blog. Estou sempre comentando aqui a importância do blog e de todas vocês nesse processo, o quanto isso tudo está me ajudando. E agora, com mais dois quilos mandados para o espaço, o incentivo só aumenta! Obrigada, obrigada, e vamos em frente, sempre em frente! Edit: esqueci de perguntar: Melina, que comentou, você tem blog? E você, Márcia, que já comentou outras vezes também? Kikaoliveira, que também comentou no outro post, seu perfil não está disponível e por isso não pude entrar no seu blog, se puder deixar um link! Eu gostaria de poder retribuir todas as visitas e o apoio que recebo!

Amanhã é dia sete, o dia livre. Embora seja o dia oficial da jaca permitida, o dia livre também é um exercício de controle. Ele faz parte do meu programa de controle e continuará fazendo enquanto eu julgar que preciso dele. O nome "livre" pode dar a impressão de que não há nenhuma regra, o que não é verdade.

No dia sete, eu como coisas que não me permitiria comer nos outros dias, e em quantidades que, embora não sejam as exorbitâncias que eu consumiria se não estivesse me controlando, também não seriam permitidas nos outros dias. Entretanto, eu faço refeições. Não como coisas em horas não justificadas, como nos horários da refeições. Assim sendo, não há binges. Não há, e ponto.

Eu ainda preciso do dia livre no final da minha semana de controle. Ele é o escape para as compulsões de durante a semana, e também, por que não dizer, um exercício do "controle da liberdade". Afinal, depois que eu já tiver emagrecido tudo o que eu quero, eu vou ter que continuar me controlando. Vou ter que saber dosar os limites e as liberdades. É bom ir treinando desde já. *

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um mês de blog

Ontem, só por curiosidade, fui ver que dia tinha começado esse blog, e percebi que ele faria um mês hoje. Nossa, como o tempo voa! Um mês já. Aí pensei, nesse tempo só me pesei uma vez, nem sabia quanto estava pesando antes... Até coloquei ali do lado uma listinha com as pesagens, podem ver que é um início meio esquisito. Em todo o caso, decidi que vou me pesar quinta, e talvez me pese todas as quintas.

Não decidi bem certo ainda, pois tenho medo de ter neuras relacionadas à pesagem, mas por outro lado sei que é importante ir acompanhando os resultados. Só preciso me preparar psicologicamente pra resultados que não sejam tão bons... Se bem que eu devia perder esse medo bobo. Sei que nada vai me fazer desistir dessa vez.

Além dos blogs de pessoas que estão emagrecendo, como eu, costumo ler também os arquivos da Lu Francesa e da Larissa, que já emagreceram, pra ver como era o dia-a-dia, quais eram as dificuldades e como elas lidavam com tudo. A coisa que é mais marcante nos relatos das duas, sem dúvida nenhuma, é a determinação. É assim que vou seguir com a minha própria luta, sendo determinada e seguindo sempre em frente. Já se foi um mês.

Hoje, sentada no ônibus, quando decidi que vou me pesar quinta, desejei com todas as minhas forças não ver a casa dos 80 na telinha. E decidi: depois que sair da casa dos 80, não voltarei a pesar isso nunca mais. Nunca mais. *

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O sanduíche de menos de 150 calorias

.Que acham de uma dica light para um lanchinho, ou mesmo uma janta? Eu inventei esse sanduíche, mas ele é tão simples e óbvio que eu aposto que milhares de outras pessoas também já o inventaram! Em todo o caso, você vai precisar de:

- 2 fatias de pão light (o que eu usei tinha 50kcal por fatia, mas há pães que têm ainda menos);
- 1 colher de sopa de maionese light (31kcal, mas você acaba nem usando a colher inteira);
- saladas da sua preferência (eu usei alface, tomate e cebola, que são as menos calóricas que eu conheço).

Bom, aí começa o preparo. Preste muita atenção, pois qualquer detalhe pode arruinar a sua receita! Primeiramente, mais uma dica: se o seu pão já tem alguns dias (se você é, como eu, a única pessoa que faz RA em casa, ou seja, o pão light pertence a você e somente a você), um jeito de fazer ele parecer novinho é colocá-lo no microondas. Peguei as duas fatias que ia usar, coloquei num prato e esquentei no microondas por quinze segundos. Ele sai quentinho e cheiroso! O próximo passo é passar a sua cota de maionese nas duas fatias. É legal colocar "bastante", porque senão o gosto some embaixo da montanha de alface. Mas pra mim sempre sobra boa parte da colher de sopa...

Agora vem a parte crucial: com muito cuidado, aplique a salada sobre uma das fatias de pão. Pode colocar bastante, especialmente a alface, que dá volume e "crocância". Se você conseguiu chegar até aqui, parabéns! Mas não relaxe, pois a última etapa é também muito importante: cobrir com a outra fatia de pão. E pronto! Seu lanche está pronto para ser saboreado, bem devagar. Eu gosto de um café com leite pra acompanhar. ;)

O sanduichinho foi minha janta de ontem, e a trilha sonora do preparo, do photoshoot e da comilança foi nosso querido mascote, sr. Beck Hansen. Esse disco, The Information, vem com uma cartela de adesivos pra você criar sua própria capa. Como podem ver, ainda não fiz a minha, apesar de já ter o disco há quase dois anos.
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Hoje foi um dia chato. Sabe aqueles dias chatos, que parecem que nem precisavam ter existido? Hoje foi assim. Ainda por cima fez um calor abafado, e de vez em quando chovia um pouco. Ou seja, condições climáticas de acabar com a paciência de qualquer vivente.

Apesar disso, ando com o ânimo lá em cima e fazendo muitos planos. Em um mês vou entrar em férias, e só sei que não quero passá-las todas trancada em casa, entediada. Estou avisando meu pai desde o início do ano que, de Natal e aniversário (que é em janeiro) quero tirar minha carteira de motorista (nem que ele tenha que fazer uma vaquinha com o resto da família). Não tenho a menor idéia de quando vou poder ter um carro, mas sei que esse é exatamente o tipo de coisa que, se a gente não faz logo, não faz nunca mais. Também penso em, se tiver dinheiro para tal, fazer natação e hidroginástica. Afinal, vai ser verão, e pra mim, que odeio calor e amo água, vai ser um alívio estar dentro de uma piscina.

Lembram da lista de coisas que eu precisava ler no fim de semana? Pois é. Pessoa disciplinada que sou, fiz como sempre faço quando tenho um monte de afazeres: deixei-os de lado e fui fazer outra coisa. Passei a tarde de ontem entrando em blogs que ainda não conhecia, já linkei vários que pretendo continuar lendo. Acho muito mágica essa atmosfera de solidariedade que rola na blogosfera light.

Aqui as pessoas querem ajudar umas às outras; não sei se faz mais bem receber comentários de apoio e incentivo ou deixá-los para as pessoas. Às vezes o conselho que damos é justamente aquele que precisamos ouvir. Além disso, o fato de estar publicando sua história é um argumento a mais para continuar quando vem aquela vozinha enjoada resmungando desiste, desiste... Quando você está na luta sozinha, "contra o mundo", parece que só você tem restrições alimentares, só você está acima do peso, e além disso você não conhece ninguém que já tenha conseguido emagrecer uns trinta quilos. Aqui você vê quantas pessoas têm os mesmos problemas, as mesmas dificuldades, e quantas já conseguiram superar tudo isso e vencer.

Quanto às minhas leituras, também não fui tão displiscente assim. Consegui ler a peça e tirar do livro sobre crônica os poucos trechos que interessavam para o meu trabalho. Faltou o livro do Caio, que comecei hoje e já devorei cinco contos. É pra amanhã, vamos ver se eu consigo terminar... Mas sem pressa. Já tinha decidido, no início desse ano, que não ia me pressionar tanto em relação aos afazeres acadêmicos (sou muito certinha e tento fazer tudo sempre nos conformes). Como diz uma amiga e colega, mesmo que ficássemos vinte e quatro horas diárias fazendo tudo o que precisamos fazer, não conseguiríamos fazer tudo. E ela tem razão. Já que é pra não fazer tudo, então, pra quê perder tanto tempo com isso? *

domingo, 2 de novembro de 2008

Domingo sem nhaca existencial

Meu professor de Filosofia nos deu uma aula incrível na última quinta-feira. Ele tinha anunciado que era a aula mais importante do semestre, sobre Viktor Frankl, e disse que poderíamos convidar quem quiséssemos. Ao chegar na sala, na quinta, havia mesmo algumas pessoas alheias à turma habitual. Alguém preparou o celular para gravar, e eu me perguntei se o que viria seria assim, tão grandioso como todos prometiam. Ao longo da aula eu aprendi tanto, mas tanto, que fiquei com inveja do colega que gravou a aula. Se o conhecesse, teria pedido que me enviasse o arquivo por e-mail.

A aula tratava da busca pelo sentido da vida, a linha filosófica (ou seria psicológica?) de Frankl. O autor escreveu um livro (que eu fiquei morrendo de vontade de ler) sobre sua experiência em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Ilustrada pelos escritos de Frankl, a aula foi daquelas (poucas) que fazem o aluno se dar conta, ao final, que nem se mexeu na cadeira, e que não consultou seu relógio uma só vez. Eu poderia resumi-la na frase que o professor mesmo usou para fazê-lo: "se o ser humano possui um por que viver, ele pode se adaptar a quase qualquer como viver". A frase é de Nietszche e pode não ser exatamente com essas palavras, mas significa isso mesmo.

Mas por que eu falei da minha aula sensacional de Filosofia? Por causa do título. O professor usou o termo "nhaca existencial" para descrever aquela sensação de não ter para onde correr, de não ter vontade de nada, um tédio desesperado, a impossibilidade de encontrar sentido na vida. Aquele que costuma acometer a maioria da população nos finais de domingo, caracterizando o que ele chamou de Neurose Dominical Prolongada. E, bem, como diz o título, não me acometeu dessa vez. Em todo o caso, achei o termo tão sensacional que o transformei em tag.
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Acima, uma primeira tentativa de "fotografamento alimentar": a janta de ontem. Aliás, um jantar bastante recorrente, com uma trilha sonora bastante recorrente: café com leite desnatado e club social de queijo, ao som de John Frusciante. A faixa 2 desse disco, chamado Shadows Collide With People, se chama Omission, e tem a participação nos vocais de Josh Klinghoffer. (Tava demorando pra falar deles aqui, ?)

Hoje o almoço foi mais uma provação (leia-se mais uma lasanha). Acontece que eu também não sou tão boba assim, de cair no conto da lasanha três domingos seguidos! Brincadeira à parte, o aprendizado que tirei desses deslizes foi decisivo. Servi no prato o que eu ia comer e não repeti mais uma lambidinha sequer. Não posso dar a mínima chance para a compulsão. Se eu vou com meu controle e determino, preciso seguir. É infalível: ela fica aniquilada. Junto com sua amiguinha, a nhaca existencial. *

sábado, 1 de novembro de 2008

Manhã de sábado

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Dia um, semana cinco. Assustador, não? Cinco semanas, já. Na verdade, completam-se cinco semanas na segunda. (Sim, eu comecei numa segunda-feira!) Munida da minha caneca de chá verde e meu computador, lá vou eu rumo a uma semana que, dessa vez, será desprovida de descontroles, loucuras e lamentos. Vamos até trocar de parágrafo, pois quero deixar tudo isso bem pra trás.

Na quinta-feira, remexi todos os meus cds de dados em busca de fotos minhas, de várias épocas, pra guardar pros futuros antes-e-durante e antes-e-depois. O problema é que as fotos em que aparece o corpo inteiro são raríssimas, por motivos óbvios. Também tirei fotos de mim agora, como estou (corpo inteiro inclusive), e vou ir me fotografando ao longo do processo. Queria começar a fotografar minhas comidas, mas estou sempre correndo na hora do café e do almoço, não sei se dá tempo. Além disso, tenho vergonha de fotografar minha comida na frente da minha mãe. Na melhor das hipóteses, ela vai rir da minha cara. Na pior, me chamar de louca. Se bem que eu sempre posso citar a matéria do Fantástico com a Larissa como deondeeutireiessaidéia, ela dá tanto crédito pra idéias tiradas da TV...

Também estou pensando em layouts novos, criei zilhões de tags novas pra classificar melhor meus posts (vocês não acham confuso isso, de ficar tentando nomear os assuntos?), estou cheia de idéias pra incrementar meus relatos.

Infelizmente, nem tudo poderá ser feito a tão curto prazo quanto eu gostaria; nesse fim de semana preciso ler muito. Pra segunda-feira, preciso ter lido a peça An Inspector Calls, de J. B. Priestley. Pra terça, o livro O Ovo Apunhalado, do Caio Fernando Abreu. Pra quarta, preciso ter pronta uma mini-aula sobre meu Projeto de Ensino em Língua Portuguesa (é também o nome da cadeira), que será sobre crônica, então preciso dar uma lida no livro A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil, com textos de vários autores. Pra uma oral presentation sem data definida ainda, preciso escolher uma peça, por isso estou aqui com um livrinho que tem três peças, de três autores ingleses que eu não conheço (Robert Bolt, John Whiting, Henry Livings), afinal, pra escolher uma peça pra apresentar, preciso antes ler algumas.

O que me leva a pensar que nunca comentei que curso faço... Bom, pelas leituras já dá pra ver que é Letras, licenciatura em Português e Inglês. E já que é hora de esclarecer coisas, Sarah não é meu nome de verdade, é um nick. Era o nome de uma personagem de uma história que eu comecei a escrever, há muito tempo. Talvez, no dia em que eu postar uma foto de mim, eu possa perguntar a vocês que cara acham que eu tenho, pra ver se alguém acerta qual é o meu nome de verdade. *

Edit: Layout novo, de novo! Dessa vez quebrei a cabeça e destrinchei os códigos do blogger. Fora, claro, as imagens, feitas em photoshop. A foto: Beck. Não adianta, ele foi eleito por unanimidade o mascote desse blog.

Coisas pertinentes a dizer sobre a minha compulsão alimentar

"When you're addicted to drugs, you put the tiger in the cage to recover; when you are addicted to food, you put the tiger in the cage, but take it out three times a day for a walk."

Esse blog aqui é um lugar para eu escrever o que estou sentindo, para eu falar da minha doença e de como estou tentando controlá-la. Assim como eu achei boas coisas pra ler e me identificar, podendo assim "diagnosticar", conhecer melhor e me armar contra a compulsão, imagino que, se eu escrever sobre ela, outras pessoas podem ler e se identificar. Esses dias comecei a listar coisas sobre a minha compulsão, e vou dividi-las nesse post com vocês.


- Minha compulsão alimentar foi diagnosticada por mim mesma, respondendo sim a quase todas aquelas perguntas-sintomas que se encontra por aí. Aquelas que vêm com o aviso, "se você respondeu sim a mais de três ou quatro, procure ajuda psicológica".

- A compulsão se caracteriza por vários sintomas, sendo o mais notável as crises, ou binges, que consistem basicamente em comer tudo o que se vê pela frente, um pouco ou um muito de cada coisa. Quando a coisa que você está comendo está acabando, você já está decidindo o que vai comer a seguir. Quando estou tendo uma crise, eu não consigo pensar em mais nada, me concentrar em mais nada. A vida se resume àquilo.

- Em dias em que não estou tentando controlar a compulsão, não existem refeições. É uma falsa sensação de liberdade, você pode comer qualquer coisa que quiser, a qualquer hora, a quantidade que quiser.

- Entre um binge e outro, não escovo os dentes. Penso, "para quê? Logo vou comer de novo." Parece, também, um desperdício de pasta de dentes, como se eu não merecesse ter os dentes limpos, como se eu não merecesse escovar os dentes porque isso é coisa de pessoas normais, que têm refeições.

- Eu deprecio e tenho nojo do que faço. Me sinto um lixo, uma inútil, uma fraca, uma imprestável, indigna. Me sinto um desperdício de vida, pois não a uso pra nada. Mas não importa o quanto eu odeie o que eu faço, eu faço de novo. Não há explicação. Você levanta, caminha até a cozinha, abre a porta da geladeira. Come, e por isso se odeia. Se odeia, e por isso come.

- A doença faz isso com você. Diante de tantos sentimentos ruins, de tantas decepções, de tanta fraqueza e falta de esperança, de perspectiva, o único, o unicíssimo conforto que resta na face da terra é a comida. Quando você finalmente se rende é que descobre o verdadeiro desespero. O desespero de quando a porção acaba e você descobre que precisa de mais. Às vezes a barriga dói, mas ainda não é o suficiente.

- Quando estou tendo uma crise, não quero ver ninguém. Se alguém me surpreende, tento fingir que estou fazendo outra coisa. Ao ouvir passos, escondo a comida nos bolsos, embaixo das cobertas, em um armário. A espera, enquanto a pessoa inesperada faz o que tem que fazer e sai, é interminável. Nada mais existe, só a comida escondida que você precisa terminar de comer.

- Eu quero combatê-la. É o que mais quero. Antes eu pensava que, se emagrecesse, minha vida poderia seguir em frente. Penso um pouco diferente agora: talvez a minha vida possa seguir adiante quando eu me livrar da compulsão. Ou talvez ainda, tentar forçar a minha vida a seguir adiante ajude a me livrar da compulsão. *